domingo, 22 de junho de 2025

Mitos e formas de se falar e enxergar o espectro autista

 



Autismo e Educação

O autismo é um transtorno do neurodesenvolvimento, e não uma doença mental.
Existem muitos mitos e verdades sobre o autismo, e é importante esclarecê-los para promover a inclusão e o respeito.

É fundamental entender que cada pessoa no espectro autista é única, com suas próprias características, desafios e habilidades.

Mitos:
  • O autismo é uma doença:
  • O autismo é uma condição do neurodesenvolvimento, não uma doença que possa ser curada.
  • Autistas são todos iguais:
  • O espectro autista é muito amplo, e cada indivíduo apresenta características e necessidades específicas.
  • Autistas não têm sentimentos:
  • Pessoas autistas podem ter dificuldades em expressar emoções, mas sentem e demonstram afeto de maneiras diferentes.
  • Autistas são antissociais:
  • Muitos autistas desejam interagir socialmente, mas podem ter dificuldades na comunicação e interação.
  • Autistas são agressivos:
  • A agressividade em alguns casos pode ser uma resposta à dificuldade de comunicação ou a ambientes desafiadores, não uma característica inerente ao autismo.
  • Autistas têm inteligência acima da média:
  • Nem todos os autistas possuem habilidades cognitivas superiores, e alguns podem apresentar dificuldades de aprendizado.
  • Vacinas causam autismo:
  • Não há evidências científicas que comprovem essa relação, segundo estudos científicos.
  • Autismo é causado por falta de afeto:
  • O autismo tem causas multifatoriais, incluindo fatores genéticos e ambientais, e não está relacionado à criação ou falta de amor.

Verdades:
  • O autismo é um espectro:
  • O transtorno do espectro autista (TEA) engloba uma variedade de características e níveis de suporte necessários.
  • O diagnóstico precoce é importante:
  • Quanto mais cedo o diagnóstico, mais cedo a pessoa com autismo pode receber intervenções e estímulos que podem melhorar seu desenvolvimento.
  • Existem intervenções eficazes:
  • Há diversas terapias e abordagens que podem ajudar pessoas autistas a desenvolver habilidades sociais, de comunicação e outras áreas importantes.
  • A inclusão é fundamental:
  • É importante que as pessoas com autismo sejam incluídas em ambientes sociais, educacionais e profissionais, com as adaptações e suportes necessários.
  • Autismo é uma condição permanente:
  • O autismo não tem cura, mas com intervenções adequadas, as pessoas podem ter uma boa qualidade de vida e desenvolver seu potencial.
  • Pessoas autistas podem amar e ter empatia:
  • Embora possam ter dificuldades em expressar suas emoções, pessoas autistas podem sentir e demonstrar afeto de maneiras diversas.
  • O autismo pode afetar as funções executivas:
  • Dificuldades em funções executivas como organização, planejamento e atenção podem impactar a vida da pessoa autista.
  • O autismo não é uma doença mental:
  • O autismo é um transtorno do neurodesenvolvimento, que afeta a forma como o cérebro funciona e processa informações.
  • É importante buscar informações confiáveis sobre o autismo em fontes como instituições de apoio, profissionais de saúde e literatura científica, para combater mitos e promover a conscientização e inclusão.
  • O diagnóstico precoce é importante:
  • Quanto mais cedo o diagnóstico, mais cedo a pessoa com autismo pode receber intervenções e estímulos que podem melhorar seu desenvolvimento.
  • Existem intervenções eficazes:
  • Há diversas terapias e abordagens que podem ajudar pessoas autistas a desenvolver habilidades sociais, de comunicação e outras áreas importantes.
  • A inclusão é fundamental:
  • É importante que as pessoas com autismo sejam incluídas em ambientes sociais, educacionais e profissionais, com as adaptações e suportes necessários.
  • Autismo é uma condição permanente:
  • O autismo não tem cura, mas com intervenções adequadas, as pessoas podem ter uma boa qualidade de vida e desenvolver seu potencial.
  • Pessoas autistas podem amar e ter empatia:
  • Embora possam ter dificuldades em expressar suas emoções, pessoas autistas podem sentir e demonstrar afeto de maneiras diversas.
  • O autismo pode afetar as funções executivas:
  • Dificuldades em funções executivas como organização, planejamento e atenção podem impactar a vida da pessoa autista.
  • O autismo não é uma doença mental:
  • O autismo é um transtorno do neurodesenvolvimento, que afeta a forma como o cérebro funciona e processa informações.

É importante buscar informações confiáveis sobre o autismo em fontes como instituições de apoio, profissionais de saúde e literatura científica, para combater mitos e promover a conscientização e inclusão.



Menina fala sobre a perspectiva do Autismo para um Autista

terça-feira, 10 de junho de 2025

Saúde Mental e Psiquiatria

 


Cuidar da saúde mental vai muito além de tomar medicação ou “ter força de vontade”. Essa visão simplista ignora a complexidade do ser humano e dos transtornos mentais.

Embora os medicamentos e a psicoterapia sejam pilares essenciais do tratamento (National Institute of Mental Health [NIMH], 2023), eles não agem isoladamente. A prática clínica mostra que o sucesso terapêutico está profundamente relacionado ao estilo de vida do paciente — corpo, mente e ambiente estão interligados.

Hábitos saudáveis não são apenas um complemento: fazem parte ativa do cuidado em saúde mental. Dormir bem, alimentar-se de forma equilibrada, movimentar o corpo regularmente, ter momentos de lazer e cultivar vínculos afetivos e espaços de escuta emocional são atitudes que nutrem o cérebro e aumentam significativamente a eficácia dos tratamentos médicos e psicológicos (Firth et al., 2020; Jacka et al., 2017).

Mais do que aderir a um protocolo, é fundamental que o paciente se sinta protagonista do seu processo de cuidado. O comprometimento com pequenas ações cotidianas pode ter um grande impacto na jornada de recuperação (World Health Organization [WHO], 2022).

O melhor tratamento é aquele que une acompanhamento profissional qualificado com escolhas de vida que promovam bem-estar e sentido. Ignorar esses aspectos pode limitar os avanços. Por outro lado, integrá-los potencializa o caminho para uma vida com mais equilíbrio, autonomia e saúde mental duradoura.

Referências

  • Firth, J., Solmi, M., Wootton, R. E., Vancampfort, D., Schuch, F. B., Hoare, E., ... & Stubbs, B. (2020). A meta-review of "lifestyle psychiatry": The role of exercise, diet, and sleep in the prevention and treatment of mental disorders. World Psychiatry, 19(3), 360–380. https://doi.org/10.1002/wps.20773

  • Jacka, F. N., O'Neil, A., Opie, R., Itsiopoulos, C., Cotton, S., Mohebbi, M., ... & Berk, M. (2017). A randomised controlled trial of dietary improvement for adults with major depression (the ‘SMILES’ trial). BMC Medicine, 15(1), 23. https://doi.org/10.1186/s12916-017-0791-y

  • National Institute of Mental Health (NIMH). (2023). Mental Health Medications and Psychotherapy. https://www.nimh.nih.gov

  • World Health Organization (WHO). (2022). World Mental Health Report: Transforming mental health for all. https://www.who.int/publications/i/item/9789240049338

sexta-feira, 6 de junho de 2025

O que ainda resta?

 


RESTA…

"[…] Lembro-me da festa de aniversário para o meu pai, quando ele completou 60. Pelas aparências ele estava feliz: ele comia, bebia, ria, falava. Em silêncio eu o observava e pensava: “Como está velho…” Vieram-me à memória os versos de T. S. Eliot: “E eles dirão: ‘Seu cabelo, como está ralo!’ Meu casaco distinto, meu colarinho impecável, minha gravata elegante e discreta, confirmada por um alfinete solitário – mas eles dirão: ‘Seu braços e pernas, que finos que estão!'” Compreenderei se pessoas olharem para mim e pensarem pensamentos parecidos aos que pensei ao olhar o meu pai.

Comovo-me ao recordar-me do poema do Vinícius “O Haver”. É um poema crepuscular. Ele contempla o horizonte avermelhado, volta-se para trás e faz um inventário do que sobrou. Fiquei com vontade de fazer algo parecido, sabendo que não sou Vinícius, não sou poeta, nada sei sobre métrica e rimas. E eu começaria cada parágrafo com a mesma palavra com que ele começou suas estrofes: Resta…

Resta a luz do crepúsculo, essa mistura dilacerante de beleza e tristeza. Antes que ele comece ao fim do dia o crepúsculo começa na gente. O Miguelim menino já sentia assim: “O tempo não cabia. De manhã já era noite…” Assim eu me sinto, um ser crepuscular. Um verso de Rilke me conta a verdade sobre a vida: “Quem foi que assim nos fascinou para que tivéssemos um ar de despedida em tudo o que fazemos?”

Restam os amigos. Quando tudo foi perdido, os amigos permanecem. Lembro-me da antiga canção de Carole King “You got a friend”: “Se você está triste, no fundo do abismo e tudo está dando errado, precisando de alguém que o ajude – feche os olhos e pense em mim. Logo logo estarei ao seu lado para iluminar a noite escura. Basta que você chame o meu nome… Você sabe que eu virei correndo pra ver você de novo. Inverno, primavera, verão ou outono, basta chamar que eu estarei ao seu lado. Você tem um amigo…” Eu tenho muitos amigos que continuam a gostar de mim a despeito de me conhecerem. E tenho também muitos amigos que nunca vi.

Resta a experiência de um tempo que passa cada vez mais depressa. “Tempus Fugit”. “Quando se vê já são seis horas. Quando se vê já é sexta-feira. Quando se vê já é Natal. Quando se vê já terminou o ano. Quando se vê não sabemos por onde andam nossos amigos. Quando se vê já passaram cinqüenta anos… ( Mario Quintana)

Resta um amor por nossa Terra, nossa morada, tão maltratada por pessoas que não a amam. Meu deus mora nas fontes, nos rios, nos mares, nas matas. Mora nos bichos grandes e nos bichos pequenos. Mora no vento, nas nuvens, na chuva. Eu poderia ter sido um jardineiro… Como não fui, tento fazer jardinagem como educador, ensinando às crianças, minhas amigas. o encanto pela natureza.

Resta um Rubem por vezes áspero, com quem luto permanentemente e que, freqüentemente, burlando a minha guarda, aflora no meu rosto e nas minhas palavras, machucando aqueles que amo.

Resta uma catedral em ruínas onde outrora moravam meus deuses. Agora ela está vazia. Meus deuses morreram. Suas cinzas, então, voaram ao vento.

Resta, na catedral vazia, a luz dos vitrais coloridos, o silêncio, o repicar dos sinos, o Canto Gregoriano, a música de Bach, de Beethoven, de Brahms, de Rachmaninoff, de Faure, de Ravel…

Resta ainda, nos pátios da catedral arruinada, a música do Jobim, do Chico, de Piazzola…

Resta uma pergunta para a qual não tenho resposta. Perguntaram-me se acredito em Deus. Respondi com versos do Chico: “Saudade é o revés do parto. É arrumar o quarto para o filho que já morreu.” Qual é a mãe que mais ama? A que arruma o quarto para o filho que vai voltar Ou a que arruma o quarto para o filho que não vai voltar? Sou um construtor de altares. É o meu jeito de arrumar o quarto. Construo meus altares à beira de um abismo escuro e silencioso. Eu os construo com poesia e música. Os fogos que neles acendo iluminam o meu rosto e me aquecem. Mas o abismo permanece escuro e silencioso.”

Resta uma criança que mora nesse corpo de velho e procura companheiros para brincar. De que é que a alma tem sede? “De qualquer coisa como tudo que foi a nossa infância. Dos brinquedos mortos, das tias idas. Essas coisas é que são a realidade, embora já morressem. Não há império que valha que por ele se parta uma boneca de criança” ( Bernardo Soares )

Resta um palhaço… Na véspera de minha volta ao Brasil a jovem ruiva sardenda entrou na minha sala e me disse: “Sonhei com você. Sonhei que você era um palhaço”. E sorriu. Tenho prazer em fazer os outros rirem com minhas palhacices. O que escrevo, freqüentemente, é um espetáculo de circo. Pois a vida não é um circo?

Resta uma ternura por tudo o que é fraco, do pássaro ao velho. Fui um adolescente fraco e amedrontado. Apanhei sem reagir. Cresceu então dentro de mim uma fera que dorme. Mas toda vez que vejo uma pessoa humilde e indefesa sendo humilhada por uma pessoa enfatuada, que se julga grande coisa, a fera acorda e ruge. Tenho medo dela.

Resta a minha fidelidade às minhas opiniões que teimo em tornar públicas, o que me tem valido muitas tristezas e sucessivos exílios. Mas sei que minhas opiniões, todas as opiniões, não passam de opiniões. Não são a verdade. Ninguém sabe o que é a verdade. Meu passado está cheio de certezas absolutas que ruíram com os meus deuses. Todas as pessoas que se julgam possuidoras da verdade se tornam inquisidoras. Por isso é preciso tolerância.

Resta uma tristeza de morrer. A vida é tão bonita. Não é medo. É tristeza mesmo. Lembro-me dos versos da Cecília que sentia a mesma coisa. “E fico a meditar se depois de muito navegar a algum lugar enfim de chegar. O que será, talvez, até mais triste. Nem barcas e nem gaivotas. Apenas sobre humanas companhias. De longe o horizonte avisto, aproxima e sem recurso. Que pena a vida ser só isso…”

Resta um medo do morrer – aquelas coisas que vêm antes que ela chegue. Eu acho que as pessoas deveriam ter o direito, se quisessem, de dizer: “É hora de partir…” E partissem. Se Deus existe e se Deus é bondade não posso crer que Ele ( ou Ela ) nos tenha condenado ao sofrimento, como última frase da nossa sonata. A última frase deve ser bela.

Resta, quanto tempo? Não sei. O relógio da vida não tem ponteiros. Só se ouve o tic-tac… Só posso dizer: “Carpe Diem” – colha o dia como um fruto saboroso. É o que tento fazer."

Rubem Alves

Crônica “Resta”. livro ‘Pimentas: para provocar um incêndio não é preciso fogo’. São Paulo: Editora Planeta, 2ª ed., 2014.