sexta-feira, 20 de novembro de 2020

O Corpo Fala...


"Engole o choro.
Engole sapo.
Cala a boca.
Cala o peito.
Mas o corpo fala, e como fala.
Fala a ponta dos dedos batendo na mesa.
Falam os pés inquietos na cama.
Fala a dor de cabeça.
Fala a gastrite, o refluxo, a ansiedade.
Fala o nó na garganta, atravessado.
Fala a angústia, fala a ruga na testa.
Fala a insônia, o sono demasiado.
As idas na geladeira de madrugada e peso que dispara.
Você se cala, mas o falatório interno começa (e continua).
As pessoas adoecem porque cultivam e guardam as coisas não digeridas dentro de seus corações.
O normal do ser humano seria dizer e dizendo conseguir dar eco ao que está sentindo.
Mas nem todos se habilitam para esse difícil exercício.
Nem sempre digerimos bem aquelas pequenas coisas, como mensagens mal respondidas, as palavras que machucam, alguma coisa que não saiu como você queria... Você finge que não ouviu, engole e tudo isso vai se acumulando... até que um dia enche e esborra.
Esses pequenos fatos indigestos percorrem a garganta, entram no estômago, invadem o peito, e se deixarmos, calará nossa boca e nossa paz.
O importante é não deixar acumular ou achar que simplesmente vai aliviar com o passar dos dias.
O tempo até tem um papel importante, mas não resolve tudo. Tentar mostrar que as coisas estão sempre bem, requer muita energia e o desgaste emocional é grande.
E não... as coisas nem sempre estão bem.
O Coração não é gaveta.
Não dá pra engolir tudo e dizer amém!
Eu sei.
Também não dá pra sair por aí vomitando as coisas entaladas na sua garganta. Mas dá para se expressar de algum jeito.
Tem hora que o sentimento "grita" pra ser dito, entendido, decodificado, elaborado, traduzido, decifrado.
Tudo que ele quer é ser exorcizado pela palavra ou pela via que lhe caiba melhor. Expressar, tranquiliza a dor.
Dor não é pra sentir pra sempre.
Dor é vírgula.
Então faz uma carta, um poema, um livro.
Cante uma música.
Pega as sapatilhas, sapateia.
Faz uma aquarela.
Faz uma vida.
Faz piada, faz texto, faz quadro, faz encontro com amigos.
Faz corrida no parque.
Fala pro seu psicólogo(a), fala para Deus, para o universo... se pinta de artista.
Converse sozinho, com seu cachorro, solta um grito pro céu, bota a cara do lado de fora, sente o vento... mas não se cale.
Pois “se você engolir tudo que sente, no final você se afoga”."
Anônimo - Autoria Desconhecida.






"Emoções não expressadas nunca vão morrer. Elas são enterradas vivas e voltarão a aparecer, mais tarde, por caminhos piores"
Sigmund Freud



Ao longo da vida, com frequência enfrentamos situações limites, conflitivas, constrangedoras, difíceis, geradoras de intensas angústias. Se, por um excesso, essas angústias não podem ser digeridas, elas transbordam para o corpo, que, então, adoece.