Nosso entorno influencia nosso comportamento e estado mental e...também, as vezes o reflete!
Um ambiente desorganizado, bagunçado, além de causar confusão para pessoa que neste se encontra pode também causar efeitos negativos a saúde física e mental. Se esta for uma situação que se prolonga no tempo e se repete na vida do individuo, temos aspectos como procrastinação, desanimo, tristeza, culpa, raiva, insegurança...que não vão ajudar na organizacao...de forma geral, na vida do individuo.
Tal temática é comum no consultório de psicologia. Vemos como o meio externo, o quarto, a sala, a mesa de escritório, a casa do cliente refletem um conflito, caos, confusão, instabilidade, desorganização interna.
Tal precisa ser trabalhado em psicoterapia e verificado, em cada caso, quais os limites e possibilidades de casa cliente e/ou sistema familiar. Mas precisa ser visto pois é um sintoma de que algo nao esta sendo movimentado, algo esta parado e prejudicado.
Como diz o ditado "agua parada, apodrece".
Diversos veículos da mídia tem falado sobre esta temática e tem surgido no mercado profissionais, além dos de psicologia, buscando auxiliar os clientes nesta tarefa, como os Acompanhantes Terapêuticos, Terapeutas Ocupacionais, Personal Organizer, entre outros.
Abordaremos aqui alguns dos textos disponíveis na mídia sobre a temática.
De acordo com a psicoterapeuta Myriam Durante, toda bagunça é resultado de uma procrastinação que, em geral, se deve a alguma insatisfação. Se as pessoas não estão felizes, elas ficam empurrando tudo com a barriga — afirma a especialista em comportamento humano. Para as crianças, organização é fundamental para o aprendizado. Estudar em ambientes desarrumados dificulta a concentração em uma só tarefa, o que atrapalha a consolidação de informações no cérebro. Os pequenos pegam o exemplo dos pais. Não adianta dizer a eles para manter o quarto impecável se o resto da casa está bagunçado — diz Myriam Durante, Via Extra (2016) - Desorganização atrapalha funcionamento do cérebro e provoca estresse
“Muitas
pessoas são até capazes de conviver com ambientes bagunçados sem que isso
interfira no trabalho, no bem-estar, nos relacionamentos ou na saúde. Mas
quando a desordem passa a atingir negativamente esses aspectos da vida, é hora
de mudar” (..)"para saber o limite entre ser bagunceiro e um problema mais
sério é primeiro a quantidade de objetos acumulados e, segundo, o estado
emocional da pessoa"(..) “Bagunceira é a pessoa desorganizada, dona de
objetos amontoados e sem local apropriado – mas que acaba se encontrando assim,
nessa personalidade. Os acumuladores, no entanto, são acompanhados de muita
tristeza, são indivíduos que não conseguem lidar com algum tipo de perda e
estão buscando preencher um vazio” (..) “Procurar um psicólogo é importante
para identificar o que está acontecendo, encontrar soluções e lidar com elas.
Remédios contra ansiedade ou depressão podem ajudar, mas não resolvem: é
preciso analisar profundamente cada caso” segundo Leiliane Tamashiro,
neuropsicóloga e pesquisadora do Instituto de Psiquiatria do Hospital das
Clínicas (SP).
Em
recente artigo da Revista VEJA (2023) - Relação entre bagunça e depressão é
mais relevante do que se imaginava – temos as seguintes colocações:
Não
é preciso ser obcecado por arrumação para sentir uma certa aflição ao olhar
para os detalhes da foto acima. A imagem do quarto bagunçado provoca angústia e
desânimo. A sensação é exatamente a oposta, quando os olhos descansam
sobre o retrato ao lado, à direita. A tranquilidade se instala ao enxergar um
cômodo limpo, organizado, convidando para o descanso e a serenidade. O estado
de arrumação dos ambientes, diz a ciência há algum tempo, é um fator determinante
para o que sentimos. Bagunça transmite insegurança e ansiedade. Organização,
proteção e paz.
Esses
achados até poderiam estar na categoria de constatações científicas curiosas,
mas sem maiores implicações. Assim eram considerados, de fato, até que
estudiosos de doenças psiquiátricas como a depressão começaram a notar que a
relação entre a condição dos espaços e o humor dos pacientes é muito mais
relevante do que se imaginava. Ela é ao mesmo tempo uma das causas e reflexos
da desorganização e angústia que atormentam os indivíduos. No caso da
depressão, trata-se de um processo de retroalimentação: a apatia que
caracteriza a enfermidade mina a disposição para manter tudo limpo e no lugar
certo, enquanto o resultado disso, o cenário caótico que se instala, dificulta
a resposta e agrava a prostração. E assim o ciclo se cristaliza, mantendo
o paciente em uma engrenagem da qual não consegue escapar.
A
compreensão desse mecanismo está adicionando ao tratamento da doença outro
caminho terapêutico além da clássica combinação medicamentos e terapia. Seu foco
é auxiliar o indivíduo a quebrar a roda perniciosa agindo de fora para dentro.
Ou seja, oferecendo ao paciente métodos de arrumação que lhe permitam mexer no
ambiente externo de forma a levar um pouco de ordem e paz ao interno.
A
demanda surpreende. Nas redes sociais, a procura por orientações explodiu e a
expressão “depression room” (sala da depressão, em tradução livre), que remete
a ao tema, é uma das mais buscadas. Muitas das respostas são encontradas nas
páginas digitais de pacientes que desenvolveram seus métodos de arrumação ou de
terapeutas como a americana KC Davis, que travou sua própria batalha contra a
depressão depois do nascimento de seu segundo filho. Embora se considere uma
pessoa organizada, tentativas de manter a casa arrumada caíram abaixo com a
chegada do bebê e da pandemia de Covid, em 2020, que obrigou a família a viver no
mesmo espaço meses a fio. “Os pratos ficavam na pia por dias, a pilha de roupas
atingia alturas impressionantes e muitas vezes não havia um caminho para
andar”, descreve a especialista no livro How to Keep House While Drowning
(“Como manter a casa enquanto se afoga”). A técnica da americana parte da
premissa de que todo plano de organização deve ser feito segundo as prioridades
e o ritmo de cada um. Caso contrário, o fracasso é certo. Ela recomenda ainda
que a meta deve ser chegar a um espaço habitável e não perfeito.
A
ciência ainda não mediu o impacto que a arrumação física tem sobre o rearranjo
mental. Empiricamente, intui-se que deve ser relevante e positiva. “O ser
humano responde com prazer depois de tomar um banho e repousar num cômodo
organizado”, afirma o psiquiatra Alaor Carlos de Oliveira Neto, do Hospital
Alemão Oswaldo Cruz. “Um ambiente caótico desmotiva e não deixa que a gente
viva na nossa melhor forma”, completa. A harmonia dos espaços, portanto, é
o bálsamo de onde se pode tirar ao menos parte da serenidade da mente.